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Inês Ruivo

Enxaqueca e nutrição funcional


A enxaqueca é síndrome dolorosa neurovascular associada a uma cefaleia grave geralmente unilateral, que pode ser acompanhada por náuseas, vómitos, diarreia, áurea e fotofobia. Aproximadamente 6-7% dos homens e até 20% das mulheres relatam ter enxaqueca. A enxaqueca severa pode ser extremamente incapacitante e além de ter um enorme impacto na qualidade de vida, tem também um impacto económico significativo para o paciente.

A etiologia dos ataques de enxaqueca não é completamente compreendida. No entanto, vários fatores precipitantes foram identificados na literatura, incluindo:

- mudanças nos níveis de stress,

- estímulos aferentes excessivos (luzes brilhantes, odores intensos),

- padrões alterados de sono,

- mudanças climáticas e

- Alergias alimentares e intolerâncias alimentares.

Neste artigo vamos explorar os fatores alimentares e nutricionais que podem ser causa de alguns tipos de enxaqueca e como a nutrição funcional pode ser um elemento fundamental no seu tratamento.


1. Alergias alimentares e/ou Intolerâncias Alimentares

As intolerâncias alimentares designadas também como hipersensibilidades alimentares não alérgicas, são respostas adversas causadas por características fisiopatológicas específicas da pessoa e que não envolvem resposta do sistema imunológico – exemplo: intolerância à lactose por deficiência de uma enzima chamada de lactase.

As alergias alimentares envolvem uma resposta do sistema imunitário e podem ser imediatas: quando a resposta acontece imediatamente após o contacto com o alimento, e os sintomas são geralmente mais evidentes. Ou podem ser tardias: quando a resposta acontece algum tempo após o contacto com o alimento, que pode ir de horas a alguns dias. As alergias tardias são as mais difíceis de identificar, e os sintomas são muito diversos, desde reações cutâneas, gastrointestinais, pulmonares, neurológicas, etc.


As alergias e intolerâncias alimentares podem ser causadas por fatores genéticos, mas também por fatores como deficiências nutricionais como o Zinco, disbiose ou hiperpermeabilidade intestinal. O tratamento destes distúrbios ou carências nutricionais pode resolver a intolerância e alergia alimentar.


O papel das alergias e/ou intolerâncias alimentares na etiologia da enxaqueca é um assunto bastante controverso, e os resultados variam muito principalmente pelo facto de não existir ainda um método único para a deteção dos vários tipos de alergia e intolerâncias alimentares. O interesse por este assunto, e consequentemente o número de estudos nesta área, tem crescido bastante nos últimos anos e muitos autores afirmam que uma das causas mais comuns da enxaqueca pode ser uma alergia ou intolerância alimentar oculta. Muitos estudos mostram uma clara relação entre enxaqueca e alergia alimentar principalmente as alergias tardias, mostrando também que a deteção e eliminação dos alimentos ou combinações de alimentos que acusam intolerância ou alergia reduzem significativamente a sintomatologia, o nº de eventos de enxaqueca assim como a sua severidade.

A identificação e diagnóstico das alergias e intolerâncias alimentares é bastante difícil uma vez que não existe um único teste que identifique todos os tipos de alergia ou intolerância.


A Dieta de Eliminação tem sido apontado por muitos artigos como o melhor método pois, embora seja demorado e implique um grande comprometimento por parte do paciente, tem um baixo custo, é muito fiável e pode ser repetido várias vezes. A Dieta de eliminação consiste na eliminação dos alimentos suspeitos por um período de tempo e posteriormente a reintrodução com avaliação pormenorizada da sintomatologia clínica e exame físico do paciente. É extremamente importante que este método seja feito e acompanhado por um profissional de saúde.


2. “Enxaquecas Gastrointestinais”

Muitos distúrbios gastrointestinais podem causar sintomas fora do sistema gastrointestinal, nomeadamente dores de cabeça e enxaqueca.

Vários estudos mostram que pacientes com crises de enxaqueca sofrem concomitantemente de um ou vários distúrbios gastrointestinais e que o tratamento destes distúrbios melhora ou resolve muitos casos de enxaqueca. Entre os mais estudados estão:

2.1 - Refluxo Gastro-esofágico

2.2 – Síndrome do Intestino irritável

2.3 – Disbiose e hiperpermeabilidade intestinal

2.4 – Infecção por Helicobacter Pylori


Como é a que a Nutrição Funcional pode ajudar no tratamento da enxaqueca?

Os tratamentos farmacológicos para a profilaxia da enxaqueca podem possuir vários efeitos secundários e, na sua maioria, não visam eliminar a causa mas sim o controle da sintomatologia. Desta forma têm que ser administrados de forma crónica, o que pode acarretar um elevado custo económico e na qualidade de vida do paciente.

A terapia nutricional pode ser uma ferramenta essencial quer no controle dos sintomas e episódios, quer na resolução do problema.

É essencial começar por tentar identificar qual a etiologia de cada caso, isto é, o que está na origem da enxaqueca e corrigir ou eliminar o fator causal. Entre os vários fatores, alguns podem ser resolvidos com acompanhamento nutricional, nomeadamente as alergias ou intolerâncias alimentares, alergias a aditivos alimentares, exposição a poluentes/pesticidas, intoxicação por metais pesados, distúrbios gastrointestinais e deficiências nutricionais como o Zinco, Magnésio, Co-enzima Q10, riboflavina, ómega 3 e água.


Como a nutrição funcional é importante na enxaqueca
Enxaqueca e nutrição funcional

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