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Síndrome do Ovário Poliquístico

Atualizado: 13 de nov. de 2023



O papel da nutrição funcional no síndrome do ovário poliquistico SOP
Síndrome do ovário poliquistico SOP



A síndrome dos ovários poliquístico (SOP) é um distúrbio endócrino muito comum. Estima-se que a nível mundial a SOP afecte entre 6 a 10% das mulheres em idade reprodutiva.

Apesar do nome, não é obrigatória a presença de ovários poliquísticos na SOP. Para que haja diagnóstico de SOP, dois dos três critérios necessitam estar presentes:

– Oligomenorreia (poucas menstruações) e/ou anovulação (ausência de ovulação);

– Sinais clínicos e/ou laboratoriais de aumento das hormonas masculinas (hiperandrogenismo);

– Ovários poliquísticos.

É necessária a exclusão de outras patologias que expliquem os critérios presentes.

OS SINTOMAS MAIS COMUNS SÃO:

– Hirsutismo (demasiado pelo ou pelos em locais incomuns para as mulheres);

– Excesso de peso ou obesidade;

– Amenorreia ou oligomenorreia (ausência de menstruação ou menstruação infrequente);

Relativamente às causas da SOP, pensa-se que possa haver alguma componente genética hereditária, mas existe uma relação muito evidente com o estilo de vida, nomeadamente o excesso de peso ou obesidade, resistência à insulina, síndrome metabólica, stress oxidativo.

A resistência à insulina parece ser o principal factor patogénico relacionado ao surgimento da SOP, e ao desenvolvimento de muitas alterações observadas no decurso da patologia, nomeadamente no hiperandroginismo.

O tratamento nutricional é por isso considerado essencial no tratamento da SOP.

ABORDAGEM NUTRICIONAL

A abordagem nutricional deve focar alguns pilares fundamentais:

1) RESISTÊNCIA À INSULINA

É quase como uma forma de pré-diabetes. Acontece quando a insulina não é eficaz a retirar a glicose do sangue, fazendo com que os valores de glicemia e de insulinemia subam. Os níveis elevados de Insulina sanguínea estão associados a:

– um aumento dos andrógenos livres (por diminuição da SHBG – Globulina ligadora de hormonas sexuais)

– um aumento da 5-α Redutase – aumenta a conversão de testosterona em Dihidrotestosterona – forma mais responsável pelos sintomas de androginismo.

A abordagem nutricional e de estilo de vida para a resistência à insulina:

– Diminuir o consumo de alimentos com elevado índice glicémico como os açúcares de adição (açúcar de mesa, mel, compotas com açúcar), açúcares simples (refrigerantes, frutas desidratadas, frutas cristalizadas, produtos de confeitaria, guloseimas), hidratos de carbono refinados (pão branco, massas, etc)

– Aumentar o exercício físico

– Nutrientes importantes:

– CROMO: Alguns estudos mostram que a suplementação com cromo (em especial o piconilato de cromo) tem resultados semelhantes à metformina na melhoria da resistência à insulina e na diminuição dos níveis de testosterona livre em mulheres com SOP. Fontes alimentares: Carnes, marisco, ovo, grãos integrais como a aveia, linhaça e chia, leguminosas germinadas, uva, maça e laranja, espinafres, brócolos e alho.

– ÓMEGA 3: Aumentar os níveis de ómega 3 ajuda a diminuir os níveis de insulina e glicemia, assim como os níveis de testosterona livre. Fontes alimentares: peixes gordos como a sardinha, salmão e atum., sementes de chia e linhaça.

– INOSITOL: Segundo os resultados de alguns estudos a suplementação com inositol melhora a sensibilidade à insulina, diminui o colesterol total e o LDL, aumenta o HDL, e diminui os níveis de androestenediona e testosterona livre. E melhora os sintomas de hirsutismo e acne em até 50% das mulheres com SOP. Pode também melhorar a regulação do ciclo menstrual. Fontes alimentares: Frutas cítricas (excepto limão) e meloa. As leguminosas, grãos integrais e oleaginosas também são uma boa fonte, desde que sejam germinadas ou no mínimo demolhadas.

– VITAMINA D: é muito importante manter níveis séricos óptimos de vitamina D, pois esta é muito importante para a libertação de insulina pelas células ß do pâncreas, e porque vai aumentar os receptores de insulina nas células. Fontes alimentares: óleo de fígado de peixe, salmão, ovo cozido.

– COENZIMA Q10: é um nutriente que geralmente está em défice nas mulheres com SOP e que têm relação directa com a sensibilidade à insulina. Fontes: carnes, atum e salmão, nozes e amendoins, brócolos, espinafres, laranja e abacate.

2) STRESS OXIDATIVO

O aumento do stress oxidativo nas células é causado por um excesso de radicais livres que causam danos nas células e no DNA. Este aumento do stress oxidativo é muito comum nas mulheres com SOP, assim como níveis baixos de antioxidantes.

Aqui a estratégia vai ser anti-inflamatória e aumentar o consumo de nutrientes antioxidantes – ver artigo no site sobre antioxidantes.

3) MICROBIOTA INTESTINAL

Estudos mostram uma importante relação entre a microbiota intestinal e a gravidade dos sintomas da SOP. Mulheres com SOP tendem a apresentar menor quantidade e diversidade de bactérias probióticas. Alguns estudos mostram ainda uma associação entre as alterações na microbiota e os níveis de testosterona total e sintomas como hirsutismo. Outro estudo mostrou que o aumento de espécies patogénicas em mulheres com SOP foi associado com a redução dos níveis de estradiol.

4) OUTROS

Outros factores devem ser avaliados de forma individualizada, como a perda de peso em mulheres com excesso de peso e obesidade, e estratégias de modulação do stress caso seja necessário.

Palavras-chave: nutrição, nutrição funcional, SOP, ovário policístico, resitência à insulina

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