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Abordagem nutricional na Endometriose

Atualizado: 13 de nov. de 2023



Nutrição funcional e alimentação no tratamento da endometriose
Nutrição funcional e endometriose



A endometriose é uma condição inflamatória crónica e hormono-dependente (estrogénio dependente e progesterona resistente), caracterizada pela presença de tecido endometrial localizado fora do útero.

Os sintomas mais comuns são:

– Dor pélvica crónica –60% a 70% das mulheres

– Infertilidade- 10% a 50% das mulheres

A etiologia da endometriose ainda é desconhecida mas evidências mostram que podem estar envolvidos factores genéticos, imunológicos e ambientais.

A inflamação e o stress oxidativo parecem ser agentes muito importantes inerentes à fisopatologia da endometriose. Assim factores como poluição, ansiedade, stress e sedentarismo levam a um aumento dos radicais livres circulantes, o que favorece o stress oxidativo, que, por sua vez, contribui para a patogénese da endometriose.

O papel da nutrição no tratamento da endometriose é pouco estudada, no entanto, é comprovado o papel da nutrição na diminuição da inflamação e do stress oxidativo. Assim a abordagem nutricional em pacientes com endometriose deve focar na diminuição dos níveis inflamatórios e do stress oxidativo.

Alguns estudos mostram uma relação inversa entre o consumo de alimentos antioxidantes, nomeadamente frutas e hortícolas, e o risco de desenvolver endometriose. Pelo contrário, o consumo de carnes e carnes processadas está identificado com um fator de risco para o desenvolvimento da doença. Mulheres com endometriose têm um aumento dos marcadores de peroxidação lipídica no sangue e no líquido peritoneal. A peroxidação lipídica aumenta a adesão celular e a activação de macrófagos, que levam a um aumento do stress oxidativo.

O que aumenta o stress oxidativo e a inflamação?

– O consumo de agrotóxicos como pesticidas (organoclorados, organofosfatos, biripidinas) e dioxinas;

– Poluição;

– Stress e ansiedade

– Alimetação rica em alimentos processados, gordura saturada e hidratos de carbono de índice glicémico alto

– Alterações da microbiota intestinal

Como diminuir o stress oxidativo?

Para além de reduzir os factores que provocam o stress oxidativo, podemos aumentar o consumo de alimentos antioxidantes. Existem vários tipos de moléculas antioxidantes nos alimentos, desde alguns minerais como o selénio, algumas vitaminas como a vitamina C e E, a compostos bioactivos como os polifenóis, flavonóides, carotenos, isoflavonas, entre muitos outros. De uma forma geral os alimentos de origem vegetal têm poder antioxidante muito mais elevado relativamente aos de origem animal. Entre eles, os hortícolas, a fruta, os cereais integrais, as leguminosas e as plantas aromáticas.

Estes nutrientes antioxidantes estão diretamente relacionados com a fisiopatologia da endometriose, pois para além de diminuir o stress oxidativo vão atuar na excreção do estrogénio (atuando com reguladores hormonais), atuam na sinalização celular, controlo do crescimento celular e na apoptose.

Os estudos mostram que o aumento do consumo de alimentos antioxidantes e até a suplementação com algumas vitaminas e compostos antioxidantes podem ajudar na diminuição da dor pélvica e dor no acto sexual.

Alguns do nutrientes mais estudados são:

RESVERATROL – tem propriedades antineoplásicas, anti-inflamatórias e anti-oxidantes. Estudos em animais mostram que a administração de resveratrol, reduziu o tamanho dos focos de endometriose.

VITAMINA C e VITAMINA E – O aumento do consumo de alimentos em vitamina C e vitamina E foi associado a uma diminuição dos marcadores de stress oxidativo . O efeito anti-inflamatório e antiangiogénico da vitamina C foi destacado por pesquisas publicadas na literatura científica, que mostraram prevenção e regressão da endometriose por diminuição do stress oxidativo. Outro grupo de autores mostra associação entre a ingestão diária de 1.200UI de Vitamina E associada à ingestão de 1g de vitamina C por um período de 2 meses, e a redução de marcadores inflamatórios e da dor pélvica.

ÓMEGA 3 – Estudos em animais mostram que a suplementação em ómega 3 está associada a uma redução dos focos de endometriose. Os estudos em humanos mostram que mulheres com altos níveis de ácido eicosapentaenoico (EPA)um tipo de ómega 3 , foram 82% menos propensas a ter endometriose quando comparadas a aquelas com níveis baixos de EPA.

Estudos mostraram que os ácidos gordos ómega 3 têm um papel essencial na regulação da dor, podendo reduzir o estado inflamatório devido a suas moléculas anti-inflamatórias. Além de melhoras no quadro álgico, a suplementação com ómega 3 também pode reduzir os sintomas de ansiedade e depressão, comuns em pacientes com endometriose.

Pelo contrário uma dieta rica em gordura saturada e em ómega 6 parece estar associada a um aumento do número de lesões

N-ACETILCISTEÍNA (NAC) – É um composto com uma potente ação antioxidante, pois atua como inibidor da produção de peróxido de hidrogénio. Estudos mostram que a NAC é um importante agente antioxidante contra espécies reativas de oxigénio em células endometriais. A suplementação com NAC, mostrou a redução da atividade inflamatória e invasiva de endometriomas.

VITAMINA D – Níveis adequados de vitamina D, estão associados a uma redução nos marcadores inflamatórios e na diminuição da dor pélvica em mulheres com endometriose.


A Endometriose é uma patologia com uma fisiopatologia muito complexa, e por essa razão é muito importante o tratamento multidisciplinar. A nutrição tem um papel fundamental na redução do stress oxidativo e da inflamação, sendo por isso, um contributo valioso no tratamento da endometriose e nas suas complicações como a infertilidade, dor pélvica e distúrbios gastro-intestinais.

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